domingo, novembro 10, 2024

Epifânia 7.145.678.471.763.553 dentro do ônibus de Viagem.

Atualmente me encontro num balde de merda. 
Fétida, pastosa, nojenta. 
E tenho tentado e me debatido constantemente para sair dela. 
Me agarro em sacos que estão boiando ao redor. Mas advinhem só , são merda. 
A verdade é que ao nosso redor, quando a gente tá na merda, só mais merda vem no caminho. 
A merda tem aquela textura pegajosa, que faz vc ficar aprisionado e se afundar mais se vc se mexer dentro dela. 
Nessas situações, o melhor a fazer é parar de se mexer e lutar contra aquilo que te circunda. 
Aceitar que está na merda e não se esconder, talvez seja o primeiro passo pra sair dela. 
Vou traçando os planos criando uma estratégia , criando táticas e vou subindo até sair do balde. 
Daqui, ainda não tem como saber como sair, mas dá pra pontuar , com o coração menos aflito, o que eu não preciso mais carregar pra conseguir sair. 
Estou na merda. 
Há! E em 2024 , quem não está? 

quinta-feira, novembro 07, 2024

Mergulho de Pandora.

 Eu abro a caixa de Pandora e toda a ânsia e angústia do meu mundo sai instantâneamente dali. 

Sinto aquele gosto de bile na boca, e sorrio, apesar de ter lágrimas nos olhos. 

É exaustivo encarar a caixa. 

É cansativo carregar os demônios trancados por ali. 

Tenho tentando deixar aberta , mesmo que isso signifique lágrimas, bile e sarcasmo. 

Quero que a caixa fique aberta, porque aí eu não preciso carregar ela por aí, ela esvazia e eu não preciso mais. 

Mergulho na água.

O coração acelerado martela no ouvido. Tem dias que eu não lembro como respirar. Falta o ar entrando pelo nariz e saindo pela boca. 

Sinto o pé batendo no fundo da água 

E subo. Batendo as pernas com força. 

Lembro do empuxo, e das leis da física, 

Meio nerd, até quando acha que vai morrer. 

Alcanço a superfície. O ar entra. Afundo de novo. 

O exército é esse , afundar , bater o pé e subir . 

Encontro a caixa de Pandora escancarada quando saio da água. 

E a esperança de que as coisas vão melhorar continua inquieta e parada ali. 

Porra! nem pra deixar a maldita sair ! 




domingo, novembro 03, 2024

Eu só acho engraçado...

Eu só acho engraçado que...
Essa frase sempre aparece depois que se diz que o que tá doendo não doeu.
O hábito de mascarar nossa vulnerabilidade é um questão de sobrevivência. 
É um mecanismo de defesa antigo, que permite que enquanto "presa" na natureza selvagem a gente sobreviva. 

O que é interessante tbm é que se queremos viver plenamente, a gente precisa abrir essas portas e esses sentimentos. Se permitir tocar profundamente e ser tocado. 

Abrir-se para sentir, vem com um certo gosto amargo. E é por isso, que não se deve beber o sentimento num shot só. 
Tal qual uma dose de cachaça, 
Virar os sentimentos de uma vez ,
 só vai te fazer a garganta arder e que você se torne mais confusa com você mesma e com tudo aquilo que veio de uma vez. 

Beber em pequenos goles, deixando a bebida arder na boca , e depois descer suave e esquentando por dentro. 
Como deve ser o sentir sabe ?!?! ?
Quentinho. 

A gente se expressa querendo dizer quem é o mais forte, o que se importa menos, o que supera mais. 
Superar tem a ver com sentir. 
E não deve ser jogado pra baixo do tapete
 A superação vem de encarar "a coisa" de mtos ângulos e depois abrir a mão e deixar o sentimento ir embora ou se espatifar no chão. 
Sem pressa... 
De um jeito ou de outro, "a coisa" deixa de ser sua quando vc recolhe o que te cabe, o que te pertence e deixa ir o que não é.
 Encarar , decifrar, soltar. 
Leva tempo. 
E não se pode pular etapa para não explodir na sua cara. 
Faça a digestão pequena. 
Ache graça. 
Durma.
Se reencontre. 
Amanhã é seu de novo.

Gosto da ideia de que o tempo é uma percepção relativizada. 

Me empenho para que a meus sentimentos também.

Eu só acho engraçado que doeu. Dói, mas é bom. 


quarta-feira, julho 17, 2024

Dentro do armário.

Acordei cansada e com fome de afeto. 
Dolorida e com a necessidade de uma xícara de café. 
Levantei em silêncio, fiz meu café tentando despertar mesmo com o vento frio da manhã. 
Me deparei com meu armário e meu vestido de casamento. 
Objetos são assim, eles ficam em repouso enquanto ninguém quiser tirar eles de lá . 
Diferente da vida, que te obrigada a expandir em todas as direções quer vc queira ou não. 
O casamento acabou, e o vestido estava lá. 
Engraçado , queria estar mto depressiva com o fim do casamento. 
Mas na verdade tava triste com o vestido lindo pouco usado. Guardado no armário , sozinho na sua falta de utilidade enquanto constantemente as outras roupas são escolhidas. 
Pensei em experimentar de novo, usar como saia, dar uma chance de dar vida nova pra ele. 
Formas de "desestigmatizar " a ideia de que ele só poderia ser feliz se houvesse um casamento no armário. 
Experimentei com outras cores envolvidas. Outros estilos e ao olhar no espelho me deparei com meus olhos castanhos, que são a parte de mim que eu mais gosto. 
Eles geralmente espelham tanta verdade e luz quando eu tô feliz. 
Encontrei com a verdade no espelho e sorri. 
Não estou tão velha e feia como tenho me visto. 
Culpa dessa sociedade que esquece que envelhecer , viver, morrer , são etapas inevitáveis. E que todos passarão por ela. Não existem formas de ignorar a vida. 
Tirei o vestido. 
Coloquei no armário de novo, agora com a sensação de "quando eu vou usar ele de novo". 
Colocando nele um propósito maior que um casamento, e sim, um de " se sentir bonita e elegante".
Toquei as roupas macias. Confortavelmente geladas ao toque. 
Sentei na parte interna do armário. E me senti bem no meio da montanha de roupas. Quente. Acolhida .
Fui me afundando cada vez pra dentro daquela escuridão macia, perfumada e aconchegante. 
Os tecidos encostando na pele, como se fossem cafunés de mãe. 
E entendi os meus gatos. E talvez todos eles. 
Dentro do armário, escondida entre as roupas macias, me senti abrigada. 
Protegida e invisível. 
Ninguém vai me ver aqui, pensei como uma criança. 
Talvez os gatos. 
Talvez apesar de querer me sentir linda e vista , eu talvez só queria ficar dentro do armário quentinho e macio por enquanto.
Tal qual uma fera, que após uma caçada exaustiva e trabalhosa, resolve se devolver ao seu covil e lamber suas feridas. 
Eventualmente eu saio do armário e vou tomar um banho, respirar o ar e seguir com a vida. 
Mas que delícia dentre todas as coisas, ter o conforto se estar onde eu quiser.

terça-feira, junho 11, 2024

A lamúria e a dança do fracassado

 Eu gosto de um poema de Alvaro de Campos, um dos muitos heteronimos de Fernando Pessoa, que começa assim:

" O dia deu em chuvoso, a manhã, contudo, esteve azul"(...)

Eu gosto desse poema, porque ele ressoa dentro de mim quando o dia não sai como o esperado, e eu fico chuvosa por dentro. 

O dia ontem deu em chuvoso, apesar de ser um dia quente e ensolarado , choveu por dentro. 

Eu chorei e rí ontem como é do meu feitio, o dia deu em chuvoso, e daí?

Acordei cedo, sai cedo, me organizei, não resmunguei de manhã, e estava de bom humor. 

peguei o carro dirigi com cuidado e paciência e o destino logo ali na frente me deixou presa por 3 horas em um engarrafamento e toda uma vida de expectativas e planejamentos foi frustrada por 32 minutos de atraso.

Soa como se fosse o compromisso da vida. E foi, só não foi o maior compromisso da minha vida. Pelo acaso ou pelo destino eu atrasei exatos 32 minutos e a oportunidade se tornou de outro e não minha. 

E após as lagrimas e o sentimento de frustração imensa que me assola, eu rí ,meio sem graça, dos acasos, porque isso tudo é só a vida e me comprometi a não remoer demais aquilo que acontece.

E depois eu ri, porque sou obrigada, por mim, a deixar passar. 

Eu as vezes me canso desse cataclisma que eu crio ao meu redor quando eu cumpro a minha parte e o universo não cumpre a dele do meu acordo imaginário. Sabe? 

O universo não cumpriu ? E porque ele haveria de se curvar a minha orquestra?

Me cansa e me pesa esse fardo gigante de interpretar como erros colossais, aquilo que são escolhas e que independem de mim. E que Fica a cabo de tantas outras coisas. 

Eu poderia ter saido de véspera... eu poderia ter saido duas horas antes, eu poderia ter dormido dentro do carro. Eu poderia... O que eu poderia fazer para que o universo cumprisse com aquilo que eu gostaria que fosse? Aonde foi que perdi nesse labirinto de sucessos e fracassos que fizeram eu chegar até aqui?

 " O dia deu em chuvoso, a manhã contudo esteve azul "(...)

E hoje eu só quero dormir, apesar da ansia, de que a musica mude, e eu entenda os compassos da dança do fracassado, sem chorar demais por aquilo que já passou. 

E sem a pressa de entender o que o futuro me reserva. 



sábado, fevereiro 17, 2024

Descoberta 6784462 - De uma manhã de sábado

 Descoberta 6784462 , de uma manhã de sábado 

Existir sem ser esmigalhado é difícil. 

Tem dias que a gente acorda e quer ficar na cama, afogado nas tristezas e ansiedades que nos cerca.

Tenho percebido tbm, que parada eu não resolvo nada.

É que os resultados só são colhidos por quem se mexe

E a história se a gente não se movimenta se escreve sozinha

E aí vivemos sem ter a chance de escolher

 A vida escolhe sem a gente. 

 E as vezes , acabamos em caixas pequenas e tristes 

Resolvi que não tô disposta a deixar a vida escolher sem eu dar minha opinião

 Então eu vou dando o passo e as escolhas aparecem e eu escolho e ando

E fujo o quanto puder da caixa pequena

Msm sabendo que as vezes deite nela na sexta feira.