O primeiro comichão de Madalena, que ficara viúva ainda nova. foi as 8:00h da manhã enquanto fazia a feira de domingo. Foi uma coceirinha atrás do joelho esquerdo, uma coceirinha gostosa e insistente, como se uma formiga sem vergonha a estivesse mordido alí. Por Coincidência, ou não, foi no exato momento em que sentiu o olhar que o Seu João,o dono da banca de laranjas. Ignorou o comichão até chegar em casa onde finalmente deu vasão aquela coceirinha boa, e passou um pouco de alcool, pq como todos já sabem, é sempre bom para aliviar essas coceirinhas bobas. Mas o alcool não resolveu.
Então passou arnica,passou gelo, passou a unha mais uma vez... e nada!
Naquela noite, entre comichões e coçadinhas, não conseguiu dormir pela primeira vez, desde o falecimento de seu marido. E quando amanheceu o dia, a coceira havia se alastrado de tal forma que já não havia onde coçar nas suas pernas, que estavam vermelhas e arranhadas. Mesmo assim Madalena,mulher zelosa do lar, não se abalou e mesmo com a noite mal dormida, preparou a marmita dos dois filhos, passou e e engomou suas roupas, e entre algumas coçadinhas violentas, foi fazendo os afazeres da casa.
Na segunda noite a coceira se alastrou ainda mais, percorreu o caminho das suas coxas roliças, de seu ventre redondo, e deixou em carne viva a pele sensível de seu seio. Madalena, mulher católica e temente a deus. não se deixou abater,e foi na missa da manhã, embora ainda fosse terça, rezou 3 aves marias enquanto sentia uma coceira inconveniente e insuportável nas nádegas.
Na terceira noite, não conseguiu pregar os olhos, não conseguiu parar de se coçar por um minuto sequer.E por fim Madalena, senhora de bem e de família. Foi ter com o médico o que seria a consulta mais constrangedora e indecente de sua vida, pois já não aguentando de tamanha coceira, esfregou as nádegas na quina da mesa do doutor, na esperança de alí encontrar o alívio para o coceira tão doentia. E doutor Mário, corado pela vergonha e indescrição, mandou madalena com uma receitinha para casa na esperança que melhorasse e ela nunca mais voltasse ali.
Na quarta Noite era uma coceira insuportável, enlouquecedora, faminta. E no dia seguinte, Madalena, mulher trabalhadeira e respeitadora das leis. Foi consumida pela coceira. As noites sem dormir deixaram-na febril, delirante. Mandou chamar a vizinha, que era dada a fazer simpátias. Dona Eulália, a vizinha, após examinar Madalena, balançou a cabeça alegando nunca ter visto nada igual. "isso deve ser coração partido" Fez um patuá com sementes de cravo e mel amarrou no pescoço de maria dando 3 nós e avisou: O caso é mais grave do que isso, mas não há muito o que se fazer. O patuá como de esperado não suportou o poder terrível do comichão persistente de Madelana.
Seus filhos consultaram curandeiros, outros médicos, feiticeiras, mães de santo. Mas não houve quem desse jeito . Foram pomadas, unguentos e rezas que não tiveram outro resultado que não só coceira....
Madalena estava tomada por um mal incurável e a coceira era tanta, que desavergonhadamente já não conseguia mais usar roupas e ficava nua, incapaz de conter o apetite terrivél daquela coceira desastrosa. Emagrecia, porque ela já não comia, só coçava. E então, certa Manhã Madalena ouviu uma batida na janela, E a febre cedeu, a coceira passou e se levantou prontamente curada e decidida, pegou um par de sapatos e um vestido. E saiu porta afora sumindo para sempre.Nunca Mais se ouviu falar de Madalena. Nem nunca mais, depois desse dia foi visto o Seu joão, o dono da banca de laranjas.
2 comentários:
A coceira era fruto do seu João ou das laranjas? Me parece que era dos seus filhos rapazes.....
Que pena de suas coceiras.
Será que seu João fez uma receita milagrosa pra ela?
Independente do que tenha feito, duvido muito que o que ela tenha tomado tenha origem nas laranjas...
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