domingo, agosto 31, 2025

Sobre uma necessidade

 Eu lembro quando eu era criança, que percebia que minha mãe raramente saia com amigos, apesar dela ser uma das pessoas mais amigáveis e cheia de amigos que eu conheço. 

Lembro que eram eventos raros, e que iam até tarde e eram meio chatos tbm porque eu era obrigada a "brincar" com crianças aleatórias que nem sempre eram legais com a criança recém chegada. 

Mas lembro que minha mãe gostava tanto quando isso acontecia, era nítido e ela queria que não acabasse. 

Conforme eu fui crescendo e ficando adulta eu fui percebendo um pouco da dificuldade e do esforço coletivo ( físico, mental, financeiro, energético) que é agendar um simples café com amigas. 

E que apesar de eu amar todas elas, meus encontros se limitaram a necessidade e rotina. 

Encontro a Jéssica quando eu preciso buscar algo, a Carol quando é aniversário de alguém ( e a data bate) , encontro a Tati quando vou dormir no Rio e preciso de hospedagem, a Virgínia e a Ana no mesmo contexto. Encontro a Jennifer pra resolver B.o do consultório. Com a Renée quando os astros se alinham.A Cinthia, mora ao lado da minha casa, e a gente se vê acidentalmente. O Ricardo se beneficia mais, porque ele vem uma vez por ano, e geralmente , quando vem ele é o Disponível. E não eu. A Rafa, eu nem sei. Quando acontece. 

Minha família quando um evento exige um esforço coletivo ( e eu sou grata pelos eventos)

Falei com uma amiga, e ela me disse que organizar a vida é algo solitário. 

Eu entendi. 

Mas depois me ocorreu que não deveria ser assim, porque todas as vezes nessas situações em que recebi um abraço, uma risada, um silêncio com companhia eu me lembrei porque gostava de viver com elas.

Como rir é  fácil e o abraço recarrega. 

Nenhuma história acaba saindo completa, porque bem, conseguimos falar 6 assuntos ao msm tempo. 

Enquanto ainda resolvemos as demandas do dia. 

Mas o "oi, tudo bem?" Sai legítimo. 

Não está tudo bem. 

Na real tá tudo pegando fogo, o chão tá abrindo, mas durante aquele momento, estamos rindo e tomando um café. 

Enfim, acho que esse texto é só pra externar que eu sinto falta. Que o calor humano faz falta. 

Que o whatsapp, Instagram, os memes , tem se tornado insuficientes e que eu tô cansada. Mas pensando em como me apossar e transformar o cansaço em força pra visitar as pessoas queridas pra mim. 

Em como me organizar energeticamente pra entender que vê-los é prioridade.

Momentos felizes com eles são mais importantes do que todo o resto. 

Porque eles me dão força pra lidar com o resto. 

O texto é sobre isso. 

Sobre saudade. 

Sobre amigos.

Sobre necessidade, e sobre entender onde tudo isso se encaixa no meu caos. 

Amo vcs.