quarta-feira, setembro 03, 2025

... Do tamanho certo pra viver...

 Tenho vomitado através das lágrimas todo o veneno e o peso que tem se acumulado nas minhas costas doloridas. 

Tenho colocado junto com os soluços meus medos, minhas dificuldades e a percepção de que eu não sou perfeita. Mas queria. 

De que eu não dou conta de tudo, nem de nada. 

Que o cansaço tem me deixado frustrada e pensando que tudo que existe no mundo está desmoronando e a culpa é minha. 

Gosto de escrever porque contemplo esses absurdos que me assombram e acho graça. 

Que arrogância a minha pensar que o colapso de tudo acontece em função de mim. Claramente eu não estou me colocando no devido lugar. Viver nesse mundo tem doido mais do que eu queria. 

Mas com certeza dava pra doer mais. 

O medo daquilo que não me atinge, as dores que são do mundo e não minhas, as minhas dores, todas se misturam numa sensação aguda, pungente, dentro do peito. 

O coração aperta e choro vem novamente. 

Coloco os dedos pra digitar agora, depois de colocar aquilo tudo que amarga e me deixa exausta pra fora. 

E sorrio. 

As vezes chorar lembra a gente do nosso tamanho. 

Nem tão grande , pra responsabilidade do mundo não recair sobre mim .

Nem tão pequena, que precise ser pega no colo por alguém. 

Do tamanho certo pra viver,

As vezes ingenuamente,com a esperança de que as coisas dancem e sorriam ao meu redor. 

Respiro fundo...

Saio do carro. 

E vou lá viver incertamente um pouco mais. 

domingo, agosto 31, 2025

Sobre uma necessidade

 Eu lembro quando eu era criança, que percebia que minha mãe raramente saia com amigos, apesar dela ser uma das pessoas mais amigáveis e cheia de amigos que eu conheço. 

Lembro que eram eventos raros, e que iam até tarde e eram meio chatos tbm porque eu era obrigada a "brincar" com crianças aleatórias que nem sempre eram legais com a criança recém chegada. 

Mas lembro que minha mãe gostava tanto quando isso acontecia, era nítido e ela queria que não acabasse. 

Conforme eu fui crescendo e ficando adulta eu fui percebendo um pouco da dificuldade e do esforço coletivo ( físico, mental, financeiro, energético) que é agendar um simples café com amigas. 

E que apesar de eu amar todas elas, meus encontros se limitaram a necessidade e rotina. 

Encontro a Jéssica quando eu preciso buscar algo, a Carol quando é aniversário de alguém ( e a data bate) , encontro a Tati quando vou dormir no Rio e preciso de hospedagem, a Virgínia e a Ana no mesmo contexto. Encontro a Jennifer pra resolver B.o do consultório. Com a Renée quando os astros se alinham.A Cinthia, mora ao lado da minha casa, e a gente se vê acidentalmente. O Ricardo se beneficia mais, porque ele vem uma vez por ano, e geralmente , quando vem ele é o Disponível. E não eu. A Rafa, eu nem sei. Quando acontece. 

Minha família quando um evento exige um esforço coletivo ( e eu sou grata pelos eventos)

Falei com uma amiga, e ela me disse que organizar a vida é algo solitário. 

Eu entendi. 

Mas depois me ocorreu que não deveria ser assim, porque todas as vezes nessas situações em que recebi um abraço, uma risada, um silêncio com companhia eu me lembrei porque gostava de viver com elas.

Como rir é  fácil e o abraço recarrega. 

Nenhuma história acaba saindo completa, porque bem, conseguimos falar 6 assuntos ao msm tempo. 

Enquanto ainda resolvemos as demandas do dia. 

Mas o "oi, tudo bem?" Sai legítimo. 

Não está tudo bem. 

Na real tá tudo pegando fogo, o chão tá abrindo, mas durante aquele momento, estamos rindo e tomando um café. 

Enfim, acho que esse texto é só pra externar que eu sinto falta. Que o calor humano faz falta. 

Que o whatsapp, Instagram, os memes , tem se tornado insuficientes e que eu tô cansada. Mas pensando em como me apossar e transformar o cansaço em força pra visitar as pessoas queridas pra mim. 

Em como me organizar energeticamente pra entender que vê-los é prioridade.

Momentos felizes com eles são mais importantes do que todo o resto. 

Porque eles me dão força pra lidar com o resto. 

O texto é sobre isso. 

Sobre saudade. 

Sobre amigos.

Sobre necessidade, e sobre entender onde tudo isso se encaixa no meu caos. 

Amo vcs. 



quinta-feira, maio 29, 2025

Sobre te amar, ou talvez...

" Eu amo você" as palavras escorregaram pela boca, antes mesmo que houvesse alguma reflexão a respeito. Um "Eu amo você" rouco e apaixonado.  É uma frase simples, e tão poderosa. E dita assim sem pensar muito me fez lembrar como é fácil amar, e como a mente complica as coisas questionando valores e opiniões alheias mas..." eu amo você". 

Independentemente se você me ama, ou se eu deveria te amar, de eu estar cansada, e de eu já ter amado antes e sem nenhuma promessa de que eu te amarei depois. "eu amo você."

 E o simples fato de te amar já vale completamente ouvir, acolher, acalmar, aquietar o meu coração.

 Confesso que depois de dito me questionei se era de verdade, se ao quebrar a promessa interna de não me apaixonar mais, eu não estaria sendo desleal comigo mas eu amo você e talvez a deslealdade esteja em me prometer coisas que eu sei que jamais poderia cumprir... 

O " eu te amo" durante algum tempo ficou sufocado entre olhares, pelo medo de um coração fragilizado se entregar novamente. 

Mas a palavra sempre encontra um caminho e durante um período de deslize eu te amo brotou da garganta e foi sussurrado ao seu ouvido. 

 Talvez esse texto seja sobre te amar... Ou talvez 

... Seja sobre mim...

Sobre como eu ainda consigo amar. 

Sobre a inesperada surpresa, de quebrar as promessas desleais que eu faço pra mim mesma. 

Sobre como eu não desisti. 

Um brinde ao meu coração, que não desiste, apesar dos pesares, de amar frequentemente, sempre, inteiro e cheio de si para se entregar a aqueles que ousam corajosamente ficar.

quinta-feira, abril 03, 2025

Oração de alforria

 Escrevi isso algumas vezes antes de vir parar aqui. 

Ora com magoa, ora com raiva, ora com a pressa de que a coisa toda fosse rápido embora. 

Ora querendo fingir que não aconteceu. 

Aconteceu.

Eu vivi, eu escolhi, eu cedi, eu aprendi. 

E foi-se. 

A coisa passou. 

Resolvi escrever isso de novo e de novo até que escrever isso fosse leve.

Até que isso fosse só uma coisa pequena e insignificante no meu fio de vida. 

Eu me liberto das minhas mágoas. 

Eu me liberto de tudo aquilo que já passou. 

Adeus...

Até que enfim. 

Amém. 

sexta-feira, janeiro 10, 2025

Notícias

 Tenho refletido muito sobre esse processo de se reconstruir , de refazer o caminho depois de se perder e se achar tantas vezes. 

Viver é meio que isso né ?! Construir, reconstruir, voltar e avançar , ao estilo Guimarães Rosa, o que a vida quer da gente é coragem. 

Tenho me sentindo muito corajosa e pronta pra recolher e costurar os pedacinhos. 

Tenho feito planos de curto, médio e longo prazo. 

Planos possíveis. 

Planos fantásticos.

Planos que eu não era capaz de fazer desde criança. 

Talvez nisso de me reconstruir eu tenha me Deparado com uma versão nova mais capaz e mais corajosa. Apta pra aceitar e saborear o gosto agridoce da vida. 

Eu tenho recalculado rotas, tem dias que eu quero me jogar no chão e fazer pirraça, mas tenho entendido que a constância nem sempre vem só de fazer todos os dias a mesma coisa ou de ser forte o tempo todo. 

Ela tbm tá em sentir o cansaço, em querer desistir. É essa coisa viva e que se move e se repete e que tropeça. 

Enfim, quis deixar aqui registrado, considerando que o último texto tava bem desesperado e escatológico que eu hj levantei. 

Que eu tô me reconstruindo e planejando. 

E que eu sou mais do que um único sentimento.