Tenho vomitado através das lágrimas todo o veneno e o peso que tem se acumulado nas minhas costas doloridas.
Tenho colocado junto com os soluços meus medos, minhas dificuldades e a percepção de que eu não sou perfeita. Mas queria.
De que eu não dou conta de tudo, nem de nada.
Que o cansaço tem me deixado frustrada e pensando que tudo que existe no mundo está desmoronando e a culpa é minha.
Gosto de escrever porque contemplo esses absurdos que me assombram e acho graça.
Que arrogância a minha pensar que o colapso de tudo acontece em função de mim. Claramente eu não estou me colocando no devido lugar. Viver nesse mundo tem doido mais do que eu queria.
Mas com certeza dava pra doer mais.
O medo daquilo que não me atinge, as dores que são do mundo e não minhas, as minhas dores, todas se misturam numa sensação aguda, pungente, dentro do peito.
O coração aperta e choro vem novamente.
Coloco os dedos pra digitar agora, depois de colocar aquilo tudo que amarga e me deixa exausta pra fora.
E sorrio.
As vezes chorar lembra a gente do nosso tamanho.
Nem tão grande , pra responsabilidade do mundo não recair sobre mim .
Nem tão pequena, que precise ser pega no colo por alguém.
Do tamanho certo pra viver,
As vezes ingenuamente,com a esperança de que as coisas dancem e sorriam ao meu redor.
Respiro fundo...
Saio do carro.
E vou lá viver incertamente um pouco mais.