Na primeira vez que eu senti o peso de ser dona do meu nariz , eu devia ter uns 17 anos. Eu já morava sozinha, o telefone tocou e eu estupidamente corri para atendê-lo. Tropecei no chinelo e me estatelei no chão. foi um tombo feio. bati o joelho com tanta força no chão de ardózia, que fiz um corte fundo imediatamente. E doeu, e como doeu.
Foi quando eu me dei conta, que não adiantava chorar. Apesar de querer me esgoelar e ficar estirada no chão. Não tinha ninguém ali. Eu ia ter que levantar, limpar o joelho e tomar as medidas para aquela situação. Quer seja colocar o gelo ou ir ao hospital se necessário.
Crescer é isso. É a constatação de que vc está sozinho. Ninguém irá passar merthiolate nos seus machucados, ninguém irá pagar as suas contas. Você precisa lutar. e por mais que possua amigos e companhia. Animais de estimação e amor familiar. No fim do dia, vc está sozinho. Todos estão.
Deve ser por isso que é um processo tão doloroso. Não ter ninguém para supervisionar se vc está fazendo a coisa certa, ou consertar seus erros.
Vc é o dono do seu Nariz.
Se vc quebra, vc paga.
É o preço da famigerada liberdade.
Percebi isso de novo no Natal desse ano que passou. Foi ruim constatar que por mais que eu me esforce, a magia do natal aos poucos tem se dissipado para mim. Vai ficando cada vez mais difícil acreditar no papai noel, ou acreditar nas pessoas e na magia do mundo. Vai ficando mais dificil se enquadrar num grupo de indivíduos. Se divertir como adolescentes.
A responsabilidade tem um peso. Ser livre tem um peso. A inércia também tem um peso, caso eu resolva fugir de tudo isso.