terça-feira, maio 31, 2016

Sobre o que a minhã mãe me ensina




 Quando eu era bem pequena, eu devia ter uns 5 anos . Minha Mãe me levava para fazer "expedições" junto com meus irmãos mais velhos. Essas pequenas "expedições" como chamávamos consistiam em colocar alguns lanches na mochila e ir desbravar a pé os morros e campos nos arredores da minha cidade.
Certa vez, num desses passeios, fomos a uma pequena cachoeira que existe num distrito próximo. Hj sei que ela não é grande coisa. Uma queda d'água apenas. Mas quando se tem 5 anos as referências são outras.
   Fomos a essa cachoeira e minha mãe juntamente com meus irmãos foram pulando as pedras e atravessando rumo a outra margem. A correnteza era bem fraca, e em certo momento, sem ter pedras para pular, vc deveria atravessar o riachinho a pé. Não era nada sério na verdade, era bem simples de fazer e meus irmãos mais velhos fizeram sem olhar para trás. Minha mãe foi acompanhando os dois e eu, inegavelmente pequena, morta de medo estagnei quando senti a correnteza "forte"nas minhas pernas. Tive a terrivel sensação de que eu ia ser arrastada, escorregar, ser engolida ou sei lá mais o que, que eu pensei parada ali.
    Minha mãe se voltou para mim, e falou " vem, não tem problema, vem sozinha, vc consegue sozinha" e eu estava apavorada. Serrei os punhos e fui mesmo morrendo de medo. Não podia decepcionar minha mãe.
 Mais tarde, a noite depois de tomar banho e estar segurança na minha cama.
   Minha mãe foi até a minha cama, me abraçou e falou: -"Me desculpa minha filha! Eu não percebi que vc teria medo de atravessar sozinha, porque eu sou grande, e não me dá medo nenhum. Então me desculpa por não perceber seu medo. Mas parabéns por enfrentá-lo mesmo assim. Parabéns, vc foi muito forte e corajosa."
   Nesse dia, minha mãe me ensinou uma lição valiosa. E não foi ter coragem e a enfrentar meus medos sozinha. Foi algo muito maior acredito eu. Muito mais humano. Ela me ensinou o que é ter empatia. É um tipo de percepção do mundo que é doce, gentil e terrivelmente dolorosa as vezes também. E nesse dia, eu quis ser igual a ela.
   Muitos anos depois, na semana passada ,para falar a verdade, estavamos voltando para casa no carro, e durante o engarrafamento no meio da ponte. Um carro bateu com força atrás do nosso.
    Passado o susto minha mãe desceu do carro para entender o que houve. Na verdade foi  um engavetamento. O Carro causador, uma Parati bem velhinha perdeu o freio, bateu no carro da frente (um Gol) e esse por consequência bateu em nossa traseira. Nenhum ferido humano, mas os carros, a Parati e o Gol que estava no meio, ficaram ambos, bastante amassados.
 O homem do Gol, já desceu do carro gritando com o senhor da parati bem velhinha. Sim, o motorista da Parati, ainda em choque, estava sentado no meio fio, com as mãos na cabeça, ainda tentando absorver a coisa toda. E o Morotista do Gol estava gritando ensandecido sobre o estrago feito e que não iria ficar com prejuizo e todo o tipo de coisas e xingamentos que usam durante esse tipo de acidente. Já saiu gritando( muito nervoso, e de certa forma, com razão) antes mesmo do outro abrir a boca.
   E aí minha mãe me surpreendeu de novo.
Ela olhou o estrago nos carros, olhou pro cara sentado no meio fio, foi até ele, deu um abraço e falou: "Não fica assim não, essas coisas acontecem. Acontece com qualquer um. Que bom que ninguém se machucou. Isso é coisa da vida, Já,já vc se recupera."
   No meio daquela confusão, ela teve essa paz de espirito. Essa empatia. Fomos embora e minha mãe ainda falou comigo: "-Cada um dá o que tem, ele já estava se sentindo mal e culpado o suficiente. Resolvi dar meu abraço."
  E eu percebi que o prejuízo que o homem teve, doeu nela. E ela deu o que ela gostaria de receber.
 E novamente quis ser como ela. Mais uma vez ela me deu um exemplo do tipo de pessoa que eu quero ser. Céus! Estou anos-luz atrás na escala de evolução dessa mulher!
 Tentar entender as coisas acima das minhas frustrações miúdas.
Não é de propósito. Acontece.
Entender o ponto de vista das pessoas ao nosso redor, nos torna sem dúvida mais humanos.
 Não, vc não precisa concordar. Não, vc não precisa se deixar massacrar.
 Mas também não precisa bater.
 Vc pode oferecer o seu melhor. Não to dizendo que essa tarefa é fácil.
É facil ser gentil com quem é gentil conosco.
É fácil ter coragem, quando o obstáculo parece pequeno para nós.
É muito fácil enxergar o que fazer, quando não são as suas emoções que estão em jogo.
Mas é difícil, muito dificil ser, gentil, nobre e corajoso. Quando a situação é adversa. E é nessa hora. Nessa hora exata. Que vc deve oferecer o seu melhor.
Cada um dá o que consegue dar, nessa vida dificil de ser vivida.
 Cada um faz o que pode. As vezes eu penso que fulano poderia dar mais, ser mais, mas...
 Como eu vou saber? Posso só fazer por mim. E ficar satisfeita comigo mesma eu conseguir atravessar a correnteza das adversidades sem machucar ninguém.
Obrigada Mãe, por constantemente me ensinar a compaixão com os outros. Obrigada por me ensinar a respeitar a dor alheia. Obrigada pelos exemplos práticos que acho que só vc pode dar. Obrigada por essa nobreza.
 Essa postagem, é para compartilhar com vocês um pouco desse amor todo que é a minha mãe.
  Espero que ele atinja vcs diretamente no coração.

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quarta-feira, maio 11, 2016

Quando a carapuça tem tamanho Único.

Nessa semana eu estava JULGANDO um grande amigo meu, por ele sempre procurar as mulheres ideais para o homem ideal que ele gostaria de ser. O que fatalmente acaba sempre dando errado e causando angústia e sofrimento para ele e para as garotas.    

Julguei, confesso, como se eu fosse incapaz de cometer essa desonestidade cmg MSM. Passei um sermão de como ele caçava a infelicidade para ele tentando enquadrar nas suas molduras desformes, qualidades que ele não tem. E se apresentar para as garotas com promessas que ele não será capaz de comprar. Desonestidade com ele, desonestidade com a mulher.

E ai depois do sermão, me olhei no espelho. É engraçado como é mais fácil enchergar o erro no trabalho do coleguinha. Percebi, com certa surpresa que não vinha reparando nos meus padrões nos últimos tempos.

 E eu to aqui agora, me declarando culpada, juntamente com meu amigo de idealizar pessoas para se relacionarem com a Débora ideal. Que tbm para minha surpresa, não sou eu.
Qntas vezes tentei enquadrar a Débora "Real" em situações ideais por medo dela sendo real não ser suficiente?

Qntas Déboras falsas existem em mim?

Procurando homens que se encaixem perfeitamente naquela versão minha que não corresponde a quem eu sou de verdade?
E ai, mais uma vez não funciona. E eu me frustro.
Porque não admito que não sou essa durona que não está nem aí.
Porque não sou essa doçura romântica que eu finjo ser.
Porque não sou essa pessoa centrada que gosto de mostrar por aí.
Porque não sou essa pessoa humilde e desprovida de vaidades.
Não sou nada disso. Não sou como eu gostaria de ser.
Sou como eu sou.
Fico brigando com meu eu ideal, sendo incapaz de valorizar a pessoa que eu sou.
O que a Débora real quer?
A voz dela tem sido tão sufucada, suas vontades tantas vzs silenciadas que eu não consigo nem escolher sem me sentir traida.
A Débora real é vaidosa, e só admite os defeitos encantadores no espelho.
Mas eles não são os únicos que existem, existem outros defeitos.E é preciso, para eu ser mais feliz, de uma pitada de honestidade.
 Preciso me despir das vaidades e descobrir o que eu procuro. Não adianta idealizar, os caras certos não são ideais. Eles funcionam. Do mesmo jeito que eu não sou ideal. Existem qualidades na Débora real tbm(não se enganem, não to me pintando como um monstro) eu só preciso passar a enxerga-las incríveis apesar dos defeitos.
Não sei se o desabafo do meu amigo pretendia me atingir tão diretamente, mas como sempre, acabam atingindo e é por isso que são conversas preciosas. Porque acabam me tornando alguém melhor( na maioria das vzs,rs).

A carapuça dessa vez veio em tamanho único, sinta-se a vontade para vestir também.