De tempos em tempos eu faço uma faxina na minha alma. Eu saio um pouco de tudo aquilo que me rodeia e tento, apesar de com o passar dos anos isso ficar cada vez mais difícil, limpar e jogar fora tudo aquilo que não me serve mais.
Desapegar é difícil, jogar fora sentimentos e verdades enraizados, martelados, petrificados requer uma jornada de trabalho descomunal e nem sempre isso é possível em apenas uma faxina. Mas eu te garanto que é preciso jogar fora um pouco das coisas. Para sua alma não soterrar no meio das mesquinharias e dos cacaquerecos que VC ousou guardar para usar mais tarde.
Desocupar o armário da alma, trocar as flores da sala(que estão murchas a tempos) faz bem. Porque ao longo da faxina, entre a lembrança do sorvete de menta que vendia na esquina do colégio e as teias de aranha. Você volta a se reconhecer. E quando a GNT se gosta é mto bom se reencontrar.
Descartando um peso morto aqui, limpando uma ferida mal cicatrizada ali, aos poucos a faxina vai tomando forma e a vida volta a fluir, como acontece com um rio, quando finalmente abrem as comportas da barragem. A alma vai ficando mais leve. Mais fluída. E VC vai voltando a fazer sentido.
Já no fim da faxina, abro a janela e deixo o ar fresco entrar, fico admirada em como é espaçoso esse meu lar. Fico admirada com as poesias escolhidas a dedo que ainda guardo de outros dias.
Fico surpresa com a saudade que eu estava de mim. Saudade dessa pessoa que escreve agora e que é leve, é sorridente e carrega a doçura herdada de outras almas que passaram por ali.
Que belezura é voltar para o nosso lar.