segunda-feira, setembro 26, 2016

Salve são Cosme, Salve são Damião!

Setembro sempre foi um mês gostoso pra mim. Vindo depois do longuíssimo e cinzento agosto, setembro chega com um sol mais quente, flores coloridas e com a minha data comemorativa preferida da infância.
  O dia de São Cosme e São Damião, sempre foi o dia mais doce do ano! Literalmente! Ele vinha carregado de expectativas sobre o número de pacotes de doces que eu conseguiria, ou se conseguiríamos pegar doces no msm lugar que nos anos anteriores.
  Minha Mãe( uma criatura abençoada ) nos deixava faltar aula e eu e meus irmãos começávamos de manhã cedo, nossa odisséia em busca de guloseimas. E de fila em fila, porta em porta nos fazíamos em doces até a hra do jantar.
Era um longo dia, com caminhadas que eram compatíveis com verdadeiras peregrinações. Fazíamos novos amigos na busca. Encontrávamos com criancas de todos os lugares que tinham como objetivo pegar o máximo de doces!
Toda essa nostalgia nesse texto tem um propósito. Sabe?!
   Hj eu tive o desprazer e o choque de Assistir a um vídeo no YouTube repleto de intolerância e ignorância a religião do próximo. O vídeo apontava os "perigos espirituais" de comer os doces dessa festa linda.
   O que tornou o vídeo mais deprimente, foi a constatação que milênios após o surgimento do "homem que sabe que sabe" nós enquanto espécie , não tenhamos aprendido nada sobre convívio e tolerância.
  Quer dizer, se eu não respeito a crença do próximo, como exigir que a minha seja respeitada!?
  E antes que as pessoas me tragam suas verdades absolutas e indiscutíveis. Seus livros e dogmas sagrados. Eu gostaria de dizer que respeito a escolha de qualquer um de vcs sobre    sua própria religiosidade mas que para mim é inaceitável que depois de inúmeras guerras, e das inúmeras violências que presenciamos todos os dias. O gesto de dar um pacote de doces para uma criança seja marginalizado simplesmente porque alguns desconhecem os fundamentos e as práticas religiosas de outras pessoas.
Que sejam incapazes de cuidar de suas próprias vidas e viver com o que acredita sem tentar oprimir ou impor sua verdade sobre a de outro alguém.
 É triste e frustrante assistir isso tudo.
Dói ver uma tradição tão mágica( e doce! Rs!) Se perder por histórias de "bicho papão", pestes e pesadelos.
 Não tenho nenhuma religião, não vou entrar no mérito dos ensinamentos de ninguém. Mas gostaria de dizer 2 coisas: Que os nossos direitos acabam, qndo começam os do próximo E acho que isso deveria estar na cabecinha de todo mundo.  E que sim, ainda aceito pacotes de docinhos de preferência de tiver maria-mole.

terça-feira, julho 19, 2016

-Maria-

Um dia Maria levantou, e não sentiu vontade de pentear os cabelos.
deixou seus longos cabelos soltos, despenteados, selvagens.
No dia seguinte, levantou. Ainda não queria pentear os cabelos... e com os fios emaranhados um nos outros, foi andar na rua.
No terceiro dia Maria, nem se olhou no espelho. Seus cabelos deixaram de ser soltos e fluidos, e já agiam como se tivessem vida própria.
E assim a história foi se seguindo.
No fim do mês, os cabelos de Maria sairam para trabalhar...
 Maria preferiu continuar dormindo.

terça-feira, maio 31, 2016

Sobre o que a minhã mãe me ensina




 Quando eu era bem pequena, eu devia ter uns 5 anos . Minha Mãe me levava para fazer "expedições" junto com meus irmãos mais velhos. Essas pequenas "expedições" como chamávamos consistiam em colocar alguns lanches na mochila e ir desbravar a pé os morros e campos nos arredores da minha cidade.
Certa vez, num desses passeios, fomos a uma pequena cachoeira que existe num distrito próximo. Hj sei que ela não é grande coisa. Uma queda d'água apenas. Mas quando se tem 5 anos as referências são outras.
   Fomos a essa cachoeira e minha mãe juntamente com meus irmãos foram pulando as pedras e atravessando rumo a outra margem. A correnteza era bem fraca, e em certo momento, sem ter pedras para pular, vc deveria atravessar o riachinho a pé. Não era nada sério na verdade, era bem simples de fazer e meus irmãos mais velhos fizeram sem olhar para trás. Minha mãe foi acompanhando os dois e eu, inegavelmente pequena, morta de medo estagnei quando senti a correnteza "forte"nas minhas pernas. Tive a terrivel sensação de que eu ia ser arrastada, escorregar, ser engolida ou sei lá mais o que, que eu pensei parada ali.
    Minha mãe se voltou para mim, e falou " vem, não tem problema, vem sozinha, vc consegue sozinha" e eu estava apavorada. Serrei os punhos e fui mesmo morrendo de medo. Não podia decepcionar minha mãe.
 Mais tarde, a noite depois de tomar banho e estar segurança na minha cama.
   Minha mãe foi até a minha cama, me abraçou e falou: -"Me desculpa minha filha! Eu não percebi que vc teria medo de atravessar sozinha, porque eu sou grande, e não me dá medo nenhum. Então me desculpa por não perceber seu medo. Mas parabéns por enfrentá-lo mesmo assim. Parabéns, vc foi muito forte e corajosa."
   Nesse dia, minha mãe me ensinou uma lição valiosa. E não foi ter coragem e a enfrentar meus medos sozinha. Foi algo muito maior acredito eu. Muito mais humano. Ela me ensinou o que é ter empatia. É um tipo de percepção do mundo que é doce, gentil e terrivelmente dolorosa as vezes também. E nesse dia, eu quis ser igual a ela.
   Muitos anos depois, na semana passada ,para falar a verdade, estavamos voltando para casa no carro, e durante o engarrafamento no meio da ponte. Um carro bateu com força atrás do nosso.
    Passado o susto minha mãe desceu do carro para entender o que houve. Na verdade foi  um engavetamento. O Carro causador, uma Parati bem velhinha perdeu o freio, bateu no carro da frente (um Gol) e esse por consequência bateu em nossa traseira. Nenhum ferido humano, mas os carros, a Parati e o Gol que estava no meio, ficaram ambos, bastante amassados.
 O homem do Gol, já desceu do carro gritando com o senhor da parati bem velhinha. Sim, o motorista da Parati, ainda em choque, estava sentado no meio fio, com as mãos na cabeça, ainda tentando absorver a coisa toda. E o Morotista do Gol estava gritando ensandecido sobre o estrago feito e que não iria ficar com prejuizo e todo o tipo de coisas e xingamentos que usam durante esse tipo de acidente. Já saiu gritando( muito nervoso, e de certa forma, com razão) antes mesmo do outro abrir a boca.
   E aí minha mãe me surpreendeu de novo.
Ela olhou o estrago nos carros, olhou pro cara sentado no meio fio, foi até ele, deu um abraço e falou: "Não fica assim não, essas coisas acontecem. Acontece com qualquer um. Que bom que ninguém se machucou. Isso é coisa da vida, Já,já vc se recupera."
   No meio daquela confusão, ela teve essa paz de espirito. Essa empatia. Fomos embora e minha mãe ainda falou comigo: "-Cada um dá o que tem, ele já estava se sentindo mal e culpado o suficiente. Resolvi dar meu abraço."
  E eu percebi que o prejuízo que o homem teve, doeu nela. E ela deu o que ela gostaria de receber.
 E novamente quis ser como ela. Mais uma vez ela me deu um exemplo do tipo de pessoa que eu quero ser. Céus! Estou anos-luz atrás na escala de evolução dessa mulher!
 Tentar entender as coisas acima das minhas frustrações miúdas.
Não é de propósito. Acontece.
Entender o ponto de vista das pessoas ao nosso redor, nos torna sem dúvida mais humanos.
 Não, vc não precisa concordar. Não, vc não precisa se deixar massacrar.
 Mas também não precisa bater.
 Vc pode oferecer o seu melhor. Não to dizendo que essa tarefa é fácil.
É facil ser gentil com quem é gentil conosco.
É fácil ter coragem, quando o obstáculo parece pequeno para nós.
É muito fácil enxergar o que fazer, quando não são as suas emoções que estão em jogo.
Mas é difícil, muito dificil ser, gentil, nobre e corajoso. Quando a situação é adversa. E é nessa hora. Nessa hora exata. Que vc deve oferecer o seu melhor.
Cada um dá o que consegue dar, nessa vida dificil de ser vivida.
 Cada um faz o que pode. As vezes eu penso que fulano poderia dar mais, ser mais, mas...
 Como eu vou saber? Posso só fazer por mim. E ficar satisfeita comigo mesma eu conseguir atravessar a correnteza das adversidades sem machucar ninguém.
Obrigada Mãe, por constantemente me ensinar a compaixão com os outros. Obrigada por me ensinar a respeitar a dor alheia. Obrigada pelos exemplos práticos que acho que só vc pode dar. Obrigada por essa nobreza.
 Essa postagem, é para compartilhar com vocês um pouco desse amor todo que é a minha mãe.
  Espero que ele atinja vcs diretamente no coração.

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quarta-feira, maio 11, 2016

Quando a carapuça tem tamanho Único.

Nessa semana eu estava JULGANDO um grande amigo meu, por ele sempre procurar as mulheres ideais para o homem ideal que ele gostaria de ser. O que fatalmente acaba sempre dando errado e causando angústia e sofrimento para ele e para as garotas.    

Julguei, confesso, como se eu fosse incapaz de cometer essa desonestidade cmg MSM. Passei um sermão de como ele caçava a infelicidade para ele tentando enquadrar nas suas molduras desformes, qualidades que ele não tem. E se apresentar para as garotas com promessas que ele não será capaz de comprar. Desonestidade com ele, desonestidade com a mulher.

E ai depois do sermão, me olhei no espelho. É engraçado como é mais fácil enchergar o erro no trabalho do coleguinha. Percebi, com certa surpresa que não vinha reparando nos meus padrões nos últimos tempos.

 E eu to aqui agora, me declarando culpada, juntamente com meu amigo de idealizar pessoas para se relacionarem com a Débora ideal. Que tbm para minha surpresa, não sou eu.
Qntas vezes tentei enquadrar a Débora "Real" em situações ideais por medo dela sendo real não ser suficiente?

Qntas Déboras falsas existem em mim?

Procurando homens que se encaixem perfeitamente naquela versão minha que não corresponde a quem eu sou de verdade?
E ai, mais uma vez não funciona. E eu me frustro.
Porque não admito que não sou essa durona que não está nem aí.
Porque não sou essa doçura romântica que eu finjo ser.
Porque não sou essa pessoa centrada que gosto de mostrar por aí.
Porque não sou essa pessoa humilde e desprovida de vaidades.
Não sou nada disso. Não sou como eu gostaria de ser.
Sou como eu sou.
Fico brigando com meu eu ideal, sendo incapaz de valorizar a pessoa que eu sou.
O que a Débora real quer?
A voz dela tem sido tão sufucada, suas vontades tantas vzs silenciadas que eu não consigo nem escolher sem me sentir traida.
A Débora real é vaidosa, e só admite os defeitos encantadores no espelho.
Mas eles não são os únicos que existem, existem outros defeitos.E é preciso, para eu ser mais feliz, de uma pitada de honestidade.
 Preciso me despir das vaidades e descobrir o que eu procuro. Não adianta idealizar, os caras certos não são ideais. Eles funcionam. Do mesmo jeito que eu não sou ideal. Existem qualidades na Débora real tbm(não se enganem, não to me pintando como um monstro) eu só preciso passar a enxerga-las incríveis apesar dos defeitos.
Não sei se o desabafo do meu amigo pretendia me atingir tão diretamente, mas como sempre, acabam atingindo e é por isso que são conversas preciosas. Porque acabam me tornando alguém melhor( na maioria das vzs,rs).

A carapuça dessa vez veio em tamanho único, sinta-se a vontade para vestir também.

terça-feira, fevereiro 16, 2016

Não sou um pé de Jambo.


    Ví uma mensagem hoje no facebook  que me fez pensar: “ Crie raízes com pessoas, e não com lugares”,  Dizia a frase detentora de uma verdade "facebookiana". E ela me fez levantar o questionamento: E Se fossemos plantas, quem eu seria? Parece mais um daqueles quizzes de facebook, eu sei. Mas achei interessante indagar qual seria meu papel no meio dessa floresta de gente.
    Num primeiro momento me imaginei uma árvore imensa. Com raízes profundas. Um pé de Jambo. No meu sítio tem um pé de Jambo, subi tantas vezes pelos seus galhos que cheguei a me sentir parte da árvore. E por um momento achei que eu seria um pé de Jambo, daqueles que fazem um chão fofo e cor-de-rosa duas vezes por ano. Uma árvore imensa e cheia de frutos.
   Acho que é assim que nos vemos a maioria das vezes, como árvores grandes, de raízes profundas. árvores importantes e solitárias. Mantemos por perto os mesmos amigos, e conforme crescemos para o mundo, vamos ficando distantes e sozinhos.
   Depois parei para pensar um pouco melhor, e percebi que:
Não sou um pé de Jambo.
   Não sou uma árvore imensa, não tenho galhos frondosos, os que me conhecem sabem que me chamar de grande, é no mínimo, um enorme exagero.
 Sempre fui pequena, rasteira e se fosse julgar pelo meu tamanho, bem eu não passo de um arbustinho sem vergonha.
Mas tambem não sou um arbusto.
 Porque se fosse para ser um arbusto, eu deveria me limitar logo no inicio do crescimento. E apesar de eu não ser uma pessoa grande, eu cresço o tempo inteiro em todas as direções. Não limito nem o meu cabelo que dirá a minha árvore interior.
Não posso ter a pureza e a iluminação como uma lótus, para ser como uma flor de lótus preciso abdicar de muitas coisas. sou mundana demais para ser uma lótus. Nem sou da beleza delicada e laboriosa de uma orquídea. Raras, intocadas, exóticas. adoraria ser exótica, mas sou comum.
Bem, se eu fosse uma planta, não seria mesmo nada disso.
   Acho que no fim das contas sou dessas trepadeiras, que crescem em todas as direçõe. Me enrosco nas outras árvores e vou pulando para lá e para cá! Tenho raízes fundas no chão, mas se me deixarem vou me estendendo e crescendo e colocando raízes em outras árvores, abraçando todas elas. Sou mais esse tipo de planta. Que se espalha e abraça sem necessariamente me soltar das árvores anteriores, ou daquele pontinho inicial no chão lá em baixo.
Tem épocas do ano em que eu seco por completo, sem flores, frutos ou folhas presos a mim, e pensam “Ixxi,será que ela morreu?” mas aí vem uma chuva, e veja bem, é importante saber que para árvores do meu tipo, qualquer chuvinha besta serve para fazer chegar a primavera.E em alguns dias estou carregada de flores novamente! Gosto de ser assim.
   O tipo de  gente que agrega, gente que traz para junto de si os amigos, os amigos de amigos, e torna seus amigos, amigos uns dos outros. Eu gosto de ser o tipo de gente que conecta as árvores uma a uma, e no fim estou solta, e ao mesmo tempo agarrada a uma floresta imensa.
    Sou uma trepadeira e é isso! Sou grata a qualquer um dos meus amigos, vocês me fazem ir mais longe, alcançar galhos mais altos, enxergar mais longe... me fazem conhecer novas árvores e me ajudam a chegar até a luz do sol! Eu sou grata a vocês, e tenho uma raiz agarradinha em cada um.
Já escolheu sua árvore hoje?
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quinta-feira, janeiro 21, 2016

Limpando o armário

 
De tempos em tempos eu faço uma faxina na minha alma. Eu saio um pouco de tudo aquilo que me rodeia e tento, apesar de com o passar dos anos isso ficar cada vez mais difícil, limpar e jogar fora tudo aquilo que não me serve mais.
  Desapegar é difícil, jogar fora sentimentos e verdades enraizados, martelados, petrificados requer uma jornada de trabalho descomunal e nem sempre isso é possível em apenas uma faxina. Mas eu te garanto que é preciso jogar fora um pouco das coisas. Para sua alma não soterrar no meio das mesquinharias e dos cacaquerecos que VC ousou guardar para usar mais tarde.
  Desocupar o armário da alma, trocar as flores da sala(que estão murchas a tempos) faz bem. Porque ao longo da faxina, entre a lembrança do sorvete de menta que vendia na esquina do colégio e as teias de aranha. Você volta a se reconhecer. E quando a GNT se gosta é mto bom se reencontrar.
  Descartando um peso morto aqui, limpando uma ferida mal cicatrizada ali, aos poucos a faxina vai tomando forma e a vida volta a fluir, como acontece com um rio, quando finalmente abrem as comportas da barragem. A alma vai ficando mais leve. Mais fluída. E VC vai voltando a fazer sentido.
Já no fim da faxina, abro a janela e deixo o ar fresco entrar, fico admirada em como é espaçoso esse meu lar. Fico admirada com as poesias escolhidas a dedo que ainda guardo de outros dias.
  Fico surpresa com a saudade que eu estava de mim. Saudade dessa pessoa que escreve agora e que é leve, é sorridente e carrega a doçura herdada de outras almas que passaram por ali.
 Que belezura é voltar para o nosso lar.